segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Jantar


 por Tiago Martins Gama

NA: O autor agradece a Luís Rodrigues e Jorge Candeias as valiosas sugestões de revisão.

A família Silva jantava, como era habitual, à luz intensa das lâmpadas da cozinha. Só não era habitual o pequeno Henrique comer a sopa com tamanha avidez. Empanturrava-se ruidosamente, numa sofreguidão inaudita.
— Estou putrefacta.
— Quê, Maria? Estupefacta? Realmente, o catraio...
— Não — cortou Maria — estou putrefacta.
E a sua carne em decomposição espalhou-se pelos mosaicos do soalho.

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